HISTÓRIA
Compilação histórica de Roberto Carlos Reis, utilizando como fontes os artigos de M. Brandão, publicados no jornal “Correio da Feira” a partir de 26 de Novembro de 1976, da obra cronológica de Sérgio Pinho editada em 1997 e em notas soltas recolhidas por Luís Filipe Higino com a colaboração de Augusto Campos Pais.
Foi no ano de 1921 que se fundou na nossa terra a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários, graças à iniciativa de um Homem, que não sendo da Feira, bem cedo se tornou credor da admiração e estima de todos os feirenses, mercê da sua inexcedível dedicação, e o grande amor bairrista, tornando-se de forma inequívoca e introversa, um autêntico filho da nossa terre – João António de Andrade.
Natural da cidade de Guimarães veio para a Feira, onde se consorciou em 17 de Novembro de 1884 com a ilustre Senhora Feirense, Dona Iria Albertina Gama de Andrade, cuja distinta família se encontrava representada na nossa terra pelos seus netos, Alfredo Maia Gama de Andrade e Maria Carolina Gama de Andrade Toscano. Já alguns anos antes de ser fundada, vários incêndios se vinham manifestando na nossa terra como os que ocorreram na cadeia por motivo de fogo pelos reclusos às enxergas das camas com o objetivo de se aproveitarem da confusão para se evadirem, do verificado na madrugada de 6 de Abril de 1919, na habitação e estabelecimento comercial de Júlio Fernandes Pinto, vulgo «Zé Pequeno», em frente ao convento e ainda o que teve lugar, também de madrugada, na residência do então escrivão-notário do 1º Ofício, José da Silva Carrelhas, na Misericórdia.
O panorama sinistro de tais incêndios, cujas línguas de fogo dado a sua dimensão destruidora, provocaram um pânico horripilante naqueles que assistiam estarrecidos a esses autênticos infernos que tudo devoram sem que ninguém pudesse debelá-los por falta de meios adequados para o fazer.
Tornava-se, portanto, imperiosa uma corporação de bombeiros e a consequente aquisição de material indispensável e a não menos imperiosa necessidade da realização de fundos para o efeito.
Assim, em reunião de 9 de Novembro de 1920, o fundador, João António de Andrade, apresentou à edilidade o orçamento necessário para o equipamento de, pelo menos, 12 bombeiros e algum material, no montante de Esc. 1.212$00 e a Câmara em sessão plenária presidida pelo distinto advogado e insigne feirense, Dr. Vitorino Joaquim Correia de Sá, de 30 daquele mesmo mês e ano, aprovou a concessão de um subsídio de Esc. 2.225$00
João António de Andrade natural de Guimarães veio para a Vila da Feira ainda jovem como caixeiro. Casou nesta localidade em 1884 com a feirense D. Ina Albertina Gama de Andrade. Foi comerciante, embarcou depois para o Brasil e regressou com fortuna regular, vivendo depois dos rendimentos. Foi vereador da Câmara Municipal, altura em que se dedicou à tarefa da organização de um Corpo de Bombeiros na Vila da Feira. Faleceu com 59 anos de idade no início do mês de Junho de 1921, apanhando todos de surpresa, pouco mais de um mês após a data da fundação dos Bombeiros.